26 de fev. de 2016

EL 6 - Vale um Jantar






Andava no corredor da escola indo para a direção pela primeira vez no ano. Não temia, nunca fui desses alunos que moravam na diretoria por besteiras ou zoações. Estava chegando na porta quando vi a própria diretora sair e vir em minha direção.

- Bem na hora, tem uma visita importante pra você! -ela disse e com as mãos no meu braço se afastou saindo do local-

Por alguns segundos não esbanjei reação, que visita não poderia esperar para me ligar ou ir em casa? eu não me contive e abri a porta me deparando com Ryan sentado na cadeira da diretora.

- Ryan ? 
- Realmente? eu acho que daria um ótimo diretor! -ele se levantou vindo até mim me dando um abraço forte- 
- O que faz aqui cara ? ainda mais na escola
- Cara eu nunca pensei que iria dizer isso, mas sinto falta da escola! -ele disse e nós dois rimos-
- Você só saiu a um ano, como pode sentir saudades dessa joça? 
- Você já viu as meninas que entraram ? a um ano atrás não tinha nenhuma. -ele pegou seu óculos colocando na gola da camisa- você deve estar aproveitando muito! -ele deu um leve soco no meu braço-
- Não cara, estou muito suave! -eu disse sem a menor seriedade-
- Não acredito! -ele levou as mãos até a boca, rindo em seguida-
- O que foi ? -perguntei e ele sentou olhando para o chão e em seguida para mim-
- Você ta gostando de alguma garota, não, eu estou presenciando algo que nunca imaginei na nossa amizade.
- OU, como assim? Nunca pensou que iria gostar de alguém? -puts, acabei me entregando-
- Você está traindo nossas saídas ? Traindo nosso relacionamento aberto? -ele disse brincando e apenas ri da forma que falou da nossa amizade-
- Você é muito idiota Ryan, agora eu também conheço você. Veio fazer o que por aqui ? cansou de viver em Dallas ?
- Dallas estava legal, mas por lá não tem o mesmo ritmo. -ele olhou para o lado com incerteza do que havia dito-
- Você não estava em Dallas né? -eu perguntei e ele fez gestos para que sentasse na sua frente-
- Precisamos de sua ajuda! - ele entrelaçou seus dedos posicionando em cima de seus joelhos-
- Precisamos? 
- Eddie foi preso! -ao dizer isso minha mente fez um ponto de interrogação grande- Olha, precisamos tirar ele de lá. 
- Você quer que eu faça o que ? 
- Olha, eu não fiquei em Dallas este tempo todo. Eddie começou a trabalhar com o pai da mina dele, eu tava precisando de grana e me ofereci para o cargo que eles estavam precisando. Só que acabamos nos complicando com a policia e fui obrigado a deixar tudo para não ferrar a empresa. Eddie ainda tinha contatos e no meio disso tudo ele acabou se envolvendo em crimes que nem eu sei como também fiz parte, tudo por papeis, por grana... por drogas. -não acreditei no que havia saído da boca de Ryan- Ele foi tentar fazer o transporte de mercadoria da empresa mas alguém avisou a policia de que estaria naquele caminhão, naquela hora e o pior de tudo foi que quando ele chegou no local, tinha somente policiais. 
- Você fez tudo isso por ... drogas? -eu não estava tão surpreso, mas me assusta o fato dele não ter me procurado para contar isso antes- você não veio para minha casa até isso passar por qual motivo?
- Eu não podia, eu estava sendo seguido por todos os lugares. O pai da mina do Eddie livrou uma barra gigante de mim, ele conseguiu deixar com que nunca me encontrassem mais. Eu não iria arriscar te matarem por uma merda de agentes drogados.
- Vocês são muito idiotas! Puta, que merda! -levantei levando minhas mãos a minha testa- Você estava aonde quando pegaram Eddie ?
- Estava no aeroporto esperando por ele 
- E onde ele foi ? 
- Para o galpão do WestVille 
- Você falou com ele ? -perguntei tentando pensar em algo útil para fazer-
- Vim de lá. 
- Quanto ele precisa pra sair de lá? -poderia planejar uma fuga mas isso é ultimo caso-
- Doze Mil -ele disse e se levantou me observando-
- Eu não tenho essa quantia Ryan 
- Eu também não, por isso eu preciso de você pra conseguir. -ele deu meia volta olhando para fora- Uma fuga é ultimo caso e nós sabemos muito bem onde vamos conseguir tudo isso. -ele se virou me olhando com um sorriso de lado-
- Eu não ... eu não sei Ryan ... -eu disse meio confuso-

Ryan sabia que voltar roubar não seria a coisa ideal, planejar a fuga de Eddie também não. Aquilo tudo tinha morrido pra mim, eu tinha deixado subir minha cabeça.

- Presta atenção -ele veio até a mesa da diretora e sentou- você lembra quando vinhamos lotados de grana ? você conseguiu comprar aquela casa pra você e a tia, você conseguiu ter as melhores roupas, você tinha todas as coisas que queria, seu carro... a gente sempre comentou sobre o carro dos sonhos e você tem ele até hoje. Você só tem que ajudar nosso amigo Eddie, ele esteve com a gente essa jornada. Ele não pode ficar naquela prisão. 
- Você sabe que tudo isso acabou quando afetou minha mãe, eu nunca tinha passado aquilo.  Eu não quero isso pra minha vida -eu disse enfatizando que não queria-
- Eu compreendo você Justin, isso aconteceu também comigo -ele abaixou a cabeça- vou te deixar pensando sobre isso. 
- Eu não vou pensar para dar uma resposta que querem -eu disse olhando firmemente em seus olhos-

Ele me encarou se aproximando de mim.

- Você podia pelo menos uma vez tentar ver que, se fosse você, não esitariamos nada para te ajudar. Até voltaríamos a pior época de nossas vidas 

Ryan deu meia volta e saiu da sala, senti meu sangue subir para minha cabeça. Antes que quebrasse as coisas na sala, andei ate a porta saindo e voltando para a sala. Assim que entrei avistei Dave conversando com Lissa, ela ria como se aquele idiota fosse engraçado. Firmei minha mandibula e sentei em meu lugar. Logo deu horário de outra aula, mas nenhum professor entrou na sala.

Depois de meses sem aula vaga, um dia finalmente isso aconteceu, esse dia é hoje. 

- Vamos jogar basquete Justin? -Dave me chamou junto com os garotos da sala- 
- Não, eu to bem 
- Qual é, já montamos os times!
- Joguem sem mim, não to afim! -Dave ergueu uma das sobrancelhas se espantando com minha resposta-
- Ta legal, se quiser ir pra lá depois... fui! 

Eu não estava em um dia legal, eu não parava de pensar se eu iria ajudar Eddie ou deixava de lado isso tudo, eu não sabia o que pensar. Nada se esclarecia na minha mente, nada. 

- Pensando alto na Sara ? -alguém disse sentando ao meu lado, me fazendo ter a visão nítida da Sara que, por pensamentos altos estava fixamente olhando pra ela- Você deve ta pensando bem alto mesmo, desculpe incomodar você ... 
Segurei em seu braço rapidamente quando ela demonstrou sair dali, olhei para seus olhos e soltei um sorriso a pedindo que ficasse.
- Meus pensamentos estão a mil, não era na Sara não! -ela soltou um riso e eu a acompanhei molhando os lábios- você não foi ver Dave jogar porque ?
- Dave? -ela riu alto- ele não joga muito e... -ela grunhiu os dentes- não me encanta ficar vendo ele sem camisa.
- Achei que gostasse dessa exibição dele! 
- Ei -ela me deu um empurrão leve- você ta achando que eu sou a Sara? ou a Kellerman ? 
- Vocês sempre estão juntos como se tivesse algo rolando, achei que ...
- Oh! Não! -ela riu, ah, esse riso- não sou peguete dele! Nós temos uma amizade deste pequenos, não tem chance! 
- Menos mal, ele só pega a Sara! Beijar a mesma boca que beija ela é estranho, talvez um tanto nojento... -fiz uma careta olhando Sara que logo me olhou mordendo os lábios-
- Você ta olhando pra ela e fazendo careta? Até parece que não pegaria a Sara! 
- Eu não, eu não gosto de garotas que dormem com meio mundo! 
- Mentiroso! -ela ficou incrédula ao ouvir aquilo, riu logo em seguida- a garota fica te secando deste o primeiro dia, você até agora não levou ela pra nenhum lugar? 
- Não 
- Você nem olha pra bunda dela? -olhos arregalados a espera de uma resposta-
- Olhar, já né... não é assim também! Gosto de bundas -ela me olhou fazendo um não com a cabeça em um sorriso de lado-
- Como você é ridículo! -ela deu um soco leve em meu braço, me fazendo rir- Você disse que estava pensativo... pelo teu jeito, está tudo bem?

Contar? ou Não contar? Eu estava na frente da garota em que eu a primeira vista não esqueci, não conseguia pensar naqueles problemas enquanto falava com ela e simplesmente ela toca neles, como lidar com isso ?! Pois é, eu não conseguia sentir vontade de esconder, pelo contraio, eu queria falar tudo a ela. 

- Eu não sei se ajudo ou não meu amigo, você pode pensar que "como não ajudar um amigo" mas as coisas complicam, aí você fica nesta dúvida cruel -disse colocando minhas mãos na mesa- 
- Por acaso este seu amigo foi preso?porque nestes motivos eu já planejaria pensar em fuga, como nós filmes! -como ela conseguia isso? ela só estava brincando e eu ri da resposta- Mas sério, mesmo com toda situação complicada, se há um motivo para voltar atrás e ajustar tudo, faria qualquer coisa! -ela cruzou os braços em cima da mesa sorrindo-
- Você é muito boa, pra tudo! Se ele der mancada com você, mesmo assim ajudaria? 
- Eu acho que todos merecem uma segunda chance, as coisas podem mudar! 
- É 

Ela me fez pensar em todas as vezes em que Eddie me tirou de enrascada, não só isso, ele simplesmente me fez ficar muito bem várias vezes quando estava pra baixo. Aquele filha da mãe, eu não posso fazer isso com ele, não mesmo.

- Mas então, quando você vai convidar a Sara para jantar? -ela perguntou quebrando o silencio-
- Por que quer que eu vá jantar com a Sara ? -curioso, perguntei-
- To afim de ganhar 100 pratas -ela disse sem ao menos pensar-
- E como tem tanta certeza que vai ganhar ? -a encarei da forma mais duvidosa possível-
- Eu sei que está louco pra beija-la, está em uma cama com ela e...
- Chega, não! -a interrompi manisfestando alto- 
- Você é se conhece bem, já pode me pagando, que perdeu... vamos -ela estendeu a mão-
- Calma, se você perder ? o que eu ganho ? -perguntei fazendo-a pensar-
- Não tenho 100 pratas, posso te pagar 5 ? 
- Se você perder, eu quero jantar com você 
- Fechado -ela estendeu mais sua mão e olhando fixo em seus olhos, fechamos um aperto de mão- Tem 3 dias 

Por um momento eu pensei no que eu teria feito, vejamos bem. Eu não tenho interesse em Sara, porém tenho uma chance com Lissa. Certamente quem iria ganhar a aposta seria eu. Eu só preciso evitar Sara durante estes 3 dias, era somente convida-la, ela deu está aposta de mão beijada. Qual é. 

- Você tem 200 pratas ? -ela perguntou desconfiada-
- Você sabe cozinhar ? -disse e logo ela soltou uma risada aguda-
- Como você é idiota, Justin. -ela sorriu e molhou seus lábios- Não acredito que só fui te conhecer agora, você era tão quieto...

Poise, nunca havia chegado nesta parte da minha vida, eu era isolado de qualquer garota desta escola pelo fato de ter tido envolvimento com roubos, negócios e tudo isso não poderia ter mais alguém sabendo, ninguém sabia quem eu era, ninguém me conhecia fora daqui e muito menos me atrapalhava. Tudo se ajustou e agora as coisas mudaram, inclusive eu.

- Eu to no terceiro colegial, as coisas começam a fluir agora -eu soltei um riso- e eu quero sair daqui conhecendo pessoas legais
- Entendo, da pra acreditar que faltam 4 meses pra acabar as aulas ? 
- E 2 dias pra jantar com você 
- Você está tão confiante disso, os dias diminuíram por quê? 
- Você precisa pensar onde vai me levar, no terceiro já vamos jantar! -me ajustei na carteira encostando na cadeira e ela só riu olhando para mim-
- Eu vou tomar um pouco de água, quem sabe lá eu já não tenha uma ideia do que vou fazer com os 100 pratas ... -ela se levantou piscando para mim- 

12 de fev. de 2016

EL 5 - Sem saber, é um sinal





Segunda-Feira 14h20

Meu dia já tinha a começado e terminado o horário escolar.  A melhor parte disso tudo seria minha aula de dança logo em seguida. Minha roupa estava posta no meu armário e assim que peguei fui até o banheiro de fora me trocar, estava bem ansiosa pois tinha treinado os passos e criados outros, por conta própria. Fui tirando minha roupa ouvindo várias meninas cochicharem entre si sobre um garoto que estaria estrelando na escola, algo que não podia passar despercebido pelo tom que usaram. 

- Ele tem tudo de lindo e não pega nenhuma das meninas. Desde o primeiro ano -todas gritaram- Parem de escândalo, ele deve comer quieto. 

Revirei os olhos por tal comentário e terminei de me trocar. Saí do banheiro e os olhares foram fortes em mim, fingi não observar aquela cena e sai dali em minutos. Peguei o caminho mais rápido para chegar a tempo do aquecimento.

Fui pensando no caminho sobre as coisas boas que estavam acontecendo. Pelo menos nós últimos dias eu não fiquei magoada ou chateada com alguma situação. Estava dispersa olhando onde eu pisava que sem motivo algum eu tropecei, meu celular foi ao chão saindo da mochila. 

- Droga! -abaixei vendo a tela do meu celular intacta- Obrigada! Aí !
A tela estava intacta e por sorte minha capa tinha protegido. Acelerei meu passo chegando na academia e indo direto ao salão dali. A Professora me deu um sorriso e pediu com o dedo que me aproximasse ao lado dela.
- Vamos fazer o contratempo e  você me segue na sequencia

Assim foi, ela fez o contratempo e então ela fez dois passos do break que sabia parando. O incrível era que todas pareciam estar ligadas aos passos e fizeram certinho, mesmo não sabendo a coreografia.

- Então meninas e meninos. Tô com uma coreografia desta música -ela se aproxima do som e solta a música- Vamos começar com um pouco do balé, mas relaxem que não vai ter que fazer o espacate. Nem todas fizeram e estamos no break. Mas vamos ser as bailarinas com o uso do nosso corpo ao máximo solto e leve.

Eu adorava o jeito que ela criava suas coreografias, movimentar o corpo era uma das coisas que eu mais amava. 

- Vamos dividir, Kaique sabe a coreografia e explicara aos meninos. Eu vou explicar nossa parte. Então vamos ao trabalho. 

Em questão de segundos todos se dividiram e começamos a decorar cada parte da coreografia. Eram passos leves porém rápidos. 

Foram apenas 1 hora para decorar e era hora de colocar em pratica o que sabíamos até a parte em que juntamos. 

- Vou colocar a música e vamos nesta posição. -Ela apertou no botão e a música começou a tocar-

Ela aumentou o máximo que não conseguimos ouvir nada além das batidas em sequencia da coreografia. Meu corpo se movimentava de tal forma que parecia algo automático, não fazia esforço para lembrar dos próximos movimentos. Apenas fazia sem medo. 

Kaique com os meninos entraram fazendo os passos no chão e outros em pé dando sinal para que as meninas voltassem e ambos dançando igualmente.

- Ótimo pessoal! -todos bateram palmas- Por hoje vamos ficar com isso, a música vai estar no e-mail e treinem bem. Até a próxima aula com outra coreografia.

Mesmo com todo suor eu pude aproveitar a melhor parte do meu dia hoje. Peguei minhas coisas e sai da sala indo para o bebedouro. 

- Você dançou muito bem...
- Lis -eu dei meu sorriso- e o seu ?
- Jane. 

Jane tinha os cabelos ruivos e seu corpo era de fazer inveja a qualquer garota. 

- Você já tinha feito aula em algum lugar ? 
- Não, mas eu sempre danço em casa. Assim, do nada mesmo. -nós duas rimos descendo as escadas- 
- Você mora por aqui ? 
- Sim, é algumas quadras daqui. -nós atravessamos a rua indo para o ponto- e você ?
- Eu moro um pouco mais longe, é 15 minutos de ônibus. Alias, ele está vindo. Vou correr para pega-lo -ela deu um beijo na bochecha e me abraçou- foi ótimo te conhecer, até a próxima.
- Tchau -acenei para ela e logo um carro parou em minha frente já com o vidro abaixado- 
- Entra logo filha -ele abriu a porta e entrei- 
- Como sabia que iria sair está hora ?
- Eu fiquei esperando você, aliás quem é aquele garoto que tava te olhando ? 
Eu virei olhando o tal garoto, ele observava o carro. Automaticamente eu o reconheci, era o garoto da festa. Justin. 
- Um colega apenas -eu sorri por dentro, colocando o cinto soltei meu sorriso de lado-
- Espero mesmo -ele acelerou dando a partida- Sua mãe está de folga hoje e vamos jantar fora. 
- Tudo ótimo.
- Não tem planos para hoje ? -ele me olhou por alguns segundos e voltou a olhar a rua-
- Não, eu só tinha aula de dança. 
- Que íncrivel, então podemos ir no seu restaurante preferido. 

O olhei e senti meus olhos se encherem de brilho. Era o dia mais gostoso da minha vida, eu ir comer onde minha infância eu vivia. 

- Vai tomar um banho e fazer deveres, se tiver. Eu vou levar para o lava rápido, ele precisa de um banho urgente -ele estacionou e eu sai- 
- Beleza pai. Até mais tarde 

Assim que entrei em casa tive uma visão que não achei que veria tão cedo. Minha mãe estava ouvindo músicas de discoteca. Eu senti um cheiro maravilhoso de brownie vindo da cozinha, meus olhos arregalaram fechando a porta e correndo para a cozinha. Ela estava de frente para a torneira dançando e cantando. 

- Mãe ? -eu gritei e ela automaticamente se virou-
- Filha, como foi na aula ?
- Foi... foi bem -eu ainda não tinha me acostumado- você fez os brownies ?
- Sim, eu queria preparar algo e você sabe que brownie é uma das minhas experiencias. 
- Posso pegar um ? -eu perguntei mais a mãe que eu conheço voltou-
- Não, você vai tomar um banho e depois vamos comer. Vou deixar esfriando. 

Logo seu sorriso voltou com um riso gostoso de se ouvir. Eu dei alguns passos retribuindo o sorriso e virando para a sala, subindo para meu quarto.

[...]
- Vamos logo Lissa! 
- Calma, estou descendo. -eu odiava o fato de usar salto, mas naquele momento eu tava com pouca preocupação a isso- Vocês, estão lindos. 

Os dois estavam abraçados me olhando descer, minha mãe estava com um vestido pouco florido até o joelho com um salto cor da pele enquanto meu pai estava com sua blusa de manga cumprida branca, calça e seu sapato que ele costuma dizer que só usa em ocasiões especiais. 

Saímos de casa e já podia se ver a lua linda no céu. Poucas nuvens faziam algumas estrelas nos dar oi. Entramos no carro e  meu pai já deu a partida colocando uma música no rádio. O locutor da rádio falava algo sobre o tempo que estava, logo apos começou uma música. A música na qual eu menos esperava ouvir, Hunter da Sandra Van Niewland. Era o tipo de música que todo passeio se torna alegre, era uma música mais puxada para o country. Meus pais adoravam. 

O restaurante ficava um pouco distante de onde morávamos e se localizava mais para o centro. Ver todas luzes, os carros e inclusive as pessoas andando por ali era encantador. Minha vida era a cidade, campo me encantava também mas cidade é algo bem gostoso de se ver. 

Assim que chegamos já tinha reserva da mesa, nosso sobrenome estava na mesa. Eu me sentia  a pessoa mais importante e então todos se sentaram.

- Que saudade deste lugar 

Ele havia mudado, se tornado muito mais chique e careiro do que antes. As luzes eram mais escuras e trazia um ar mais sofisticado ao local. Eu espero que a comida não tenha mudado. Logo o garçom chegou a mesa com um bloco já com a caneta preparada.

- O que vão pedir por gentileza ?
- Eu quero o prato da casa e um suco de laranja natural em gelo e com açúcar -pedi sem olhar no cardápio enquanto meus pais escolhiam-
- Vou querer o macarrão especial que está aqui junto com um bom vinho Italiano -minha mãe se pronunciou fechando o cardápio-
- Vou querer sua melhor carne com o acompanhamento do mesmo vinho que minha esposa por gentileza. 

Cada um tinha sua comida de preferencia, seu gosto em bebida. Por este motivo o que eu havia pedido era a mistura dos dois e um pouco mais. Olhei ao redor de onde estava e quase todas as mesas estavam ocupadas, ambos comendo e outros a espera de seu pedido. As pessoas estavam bem arrumadas e riam como crianças, em família ou em casal. Senti um aperto em minha barriga e levantei da mesa.

- Vou ao banheiro, já volto. 

Sai da mesa andando em direção ao banheiro, eu estava super apertada. Algo que eu menos esperava sentir quando chegasse no restaurante. Entrei no banheiro já para fazer minha necessidade. Assim que sai me olhei no espelho, estava com meu olho borrado e então dei uma arrumada. 

Foram poucos minutos e sai do banheiro dando de cara com o restaurante mais cheio. Passei algumas mesas sentando na minha, senti algo estranho, como se fosse olhares porém não me esforcei para observar quando vi que nosso pedido estava chegando a mesa.

- Boa apetite! 
- Obrigada -nós três agradecemos e já pegamos os talheres-

Olhar meu prato me dava dó de comer, a estética além de tudo me fazia idealizar o sabor da carne acompanhada com a melhor massa deste universo. A salada fazia quebrar total quentura, e refrescando junto ao suco natural. Iria sair realizada daquele restaurante.

- Ainda tem o melhor sabor do universo. -eu com olhos fechados falava- eu espero que o hambúrguer ainda continue grande por aqui -abri e nós rimos já voltando a comer-

Eu limpei minha boca e por um som estranho olhei ao redor discretamente, vi que alguém estava no mesmo local que eu novamente. Ele tinha os olhos arregalados a mesa com seu copo derramado, o garçom limpava. Ele desviou o olhar para mim e por alguns segundos depois eu desviei. Meu estomago naquela hora embrulhou, senti um frio pelo corpo e sem parar de pensar na cena que ocorreu segundos atrás. 

- Mas que diabos ...! -eu falei alto fazendo meus pais me olharem- Desculpe!
- Você está bem filha ? -meu pai me perguntou limpando sua boca- você viu alguma coisa ?
- Não, eu só senti o ... gosto da salada que está muito boa! Ta muito refrescante 

Peguei um pedaço da salada comendo e tentando disfarçar o nervosismo que estava, agora o motivo eu estava desconhecendo. Aqueles olhos cor de mel que havia visto na festa não saia da minha cabeça, estava quase impossível de ficar parada tentando disfarçar por ser observada a todo momento. 

Ele está me seguindo ? Como ele está aqui ? Ele estava na academia e agora aqui ? Senhor, me ajuda. Eu vou ter um treco a qualquer momento. 

Por um momento meu coração começou a acelerar e senti um vento passar por mim, era ele que molhado na manga foi para o banheiro. Tomei meu suco e parei para respirar. É um sinal ? eu estaria tendo todos esses efeitos por quê? 

Justin P.O.V 

Eu tinha feito a melhor escolha de restaurante com minha mãe da vida. Eu estava prestes a entrar no restaurante quando vejo a garota da festa novamente, seu rosto era bem lembrado por mim. Seu nome era Lissa e ela estava magnifica, eu a observava de longe. Minha mãe falava do restaurante, sobre a comida e quando veio com meu pai aqui. Eu acabei olhando tanto para a mesa dela que sem perceber ao pegar o copo com suco meu braço passou reto derrubando tudo. O barulho ecoou no restaurante e metade dos olhares foi para mim, minha manga encharcou na hora e desviei meu olhar para mesa dela e a vi olhando para mim. Eu já senti meu rosto se transformar no sorriso, como aquelas bolachas com carinhas.

Levantei indo direto para o banheiro limpar a manga passando pela mesa dela, sem olhar e nem demonstrar qualquer feição. 

Ao chegar no banheiro tentei ao máximo esfregar a manga com a aguá. Mas nada acontecia, a cor do suco de morango não saia. Só piorava, então eu me olhei no espelho pensando em alguma maneira de pelo menos disfarçar a mancha. Peguei minha manga dobrando, fiz o mesmo com a outra até aparecer a parte branca. Estava bem visível a mancha mas desta forma eu consegui disfarçar. 

Sai do banheiro depois de longos minutos e Lissa já se preparava para se levantar da mesa. Meu coração começou a acelerar, era algo que não acontecia comigo a muito tempo,sentir esses efeitos. Com toda calma ela se levantou e eu me aproximei dela para cumprimenta-la.

- Olá lissa -dei um beijo em sua bochecha- 
- Olá... Justin -ela sorriu sem graça e dei um oi para os pais dela- 
Já me virei voltando a minha mesa com a melhor sensação, de alivio. Vi ela seguindo até a saída do restaurante e mesmo que eu ainda estava a olhando, percebi que, ela olhou por alguns segundos para mim do outro lado da rua.
- Justin! -recebi um cutuque-
- OI -voltei meu olhar a minha mãe-
- Você está bem? ficou olhando estranho para aquela moça - minha mãe tinha que saber que sobre garotas é meio complicado conversar com ela-
- Estou ótimo mãe, vamos pedir a sobremesa ?
- Você quem sabe, eu quero petit gateu -ela disse colocando sobre a mesa o guardanapo-
- Garçom -levantei minha mão acenando e logo ele veio até a mesa- Dois petit gateu por gentileza
- Trago em alguns minutos -ele anotou em sua cardeneta e se virou indo até o fundo do restaurante-
[...]

EL 8 - Gimme what i want



Lissa P.O.V

O que a professora de Ed. Física substituta queria? Eu me perguntava mil vezes quando ela colocou uma música para tocar, sem motivo.

- O professor de vocês está bem antes que perguntem, ele teve que fazer uma viagem pessoal, por conta de seus pais. -todos começaram a cochichar alto causando a alteração de voz da professora- QUIETOS! -todos a olharam tediosos- 
- E está música? você é professora de Ed. Física não é? -Dave se atreveu falando com a mão levantada, enquanto todos riam- 
- Sim e como o professor de vocês avaliam todos,  ele escolheu um teste divertido e valendo nota máxima, com dois pontos na média de todas as matérias. -a sala entrou em felicidade total, inclusive eu- MAS, é somente para os que se dedicarem pois queremos formar vocês, só que não vamos dar dez de mão beijada assim né? -ela saiu detrás da mesa e começou a andar pela sala- muitos iriam repetir o ultimo ano se não tiver está nota, então é bom vocês saberem se mexer.
- Mas então vamos dançar? -Sara levantou a mão e disse com sua lixa  na mão, de costume-
- Sim e hoje será das meninas, pra começar. -as meninas se entreolharam e os garotos começaram a sacaneá-las da forma mais safada possível, fazendo gestos e mordendo os lábios, inclusive Justin e Dave- EI EI, vocês vão ter que me ouvir bem, pois só vou repetir uma unica vez. -ela disse e todos se organizaram- As meninas teriam que fazer uma coreografia para apresentar amanhã, mas não quero restrições e então a dança pode ser como preferirem, se quiserem em duplas, podem ... performance solo também. Boa sorte para vocês! 
- E nós? -Dave perguntou-
- Vocês vão mostrar que sabem tudo na dança, no mesmo dia, mas com os passos de vocês pra está dança -ela ligou o som-
depois de amanhã, pois ela será em dupla e eu vou escolher.
- Mas você não conhece nós, eu não quero dançar com quem eu não quero! -Dave manisfestou novamente-
- Por isso mesmo, a dança pode unir pessoas e vocês, cresçam! Estão no ultimo ano, indo para a faculdade e pensam que tem moral á está altura pra "não gosto, não quero" se preparem pois a nota máxima é a da dupla em casal. 

Eu estava pasma, completamente. Eu amo dançar mas com um único problema, a escola não pode ter nada haver com isso. Nem nas sociais com o pessoal da escola eu danço direito, como vou dançar pra este pessoal agora?! 

- Vocês agora vão ficar decidindo entre vocês como vão fazer, dupla ou solo. Grupo é válido, mas a nota vai ser dividida! Vou deixar o nome da música pra vocês na lousa, vou resolver as coisas com a diretora! Não se matem! 

Ela pegou o giz e escreveu o nome da música: Gimme What I Want - Keri Hilson (play nº 4) e logo depois saiu. Me escorei na cadeira e Elisa puxou uma cadeira para meu lado.

- Vamos fazer em dupla -ela piscou e se apoiou em seus braços na cadeira- 
- Eu não vou dançar pra este povo! -eu disse olhando todos conversarem, as meninas arriscando passos em frente a sala- olha só -apontei para elas á frente e Elisa olhou por alguns segundos e voltou a mim-
- Você sabe que dança e faz coreografia muito melhor que elas, além do mais é sem restrição, você é brasileira e sabe o truque para mexer a bunda, a música é sensual até na letra. -ela arqueou a sobrancelha e chegou mais perto de mim cochichando- é a hora que você mostra pra todos quem é Lissa, e cá convenhamos que falta 4 meses pra tudo isso acabar, você nunca mais vai vê ninguém! 
- Eu não posso... não consigo, entende? 
- Você faz aula, como quer se apresentar com essa coisa de não consigo? 
- Escola é uma coisa, público é outra!
- Ah cala boca, vamos fazer isso e ganhar 10, isso só vai ficar pra nossa sala! -ela molhou os lábios e me olhou fixo- e Justin vai gostar de te vê rebolando, né?!
- Ei! -me arrumei na cadeira, cruzando os braços e dei um sorriso vergonhoso- 
- Já sabe o que vamos fazer ? 
- Pior que sei Elisa, vamos fazer o seguinte... 

Deus estaria me fazendo passar por uma coisa que temia desde a 5ª série, apresentação de escola. Trabalhos como seminários era algo que eu já tremia, gaguejava. Até o primeiro ano, agora isso virou baba. Agora, apresentar em dança? Eu tinha tanto medo que me especulava o por quê de não tentar, e a resposta não surgia. Não tinha argumentos plausíveis que me fizesse desistir, era tanta vontade que neste momento estava explicando tudo para Elisa que por sinal, era uma coreografa também, só que nem ela sabia. Sara e suas amigas dançavam de frente para lousa, pura exibição, como pode ? 

Dave olhava tudo e comentava com os meninos, eles eram tão ridículos ao ponto de fazer gestos do "sexo" colocando elas no meio, por nomes, somente. Justin estava neste meio, porém só ria e criava mais situação sobre tudo. Ele nem se quer me olhou, ou me olhava, ele estava pensativo desde que saiu da aula pois tinham o chamado. Eu não iria ficar especulando o motivo mas confesso que me causava curiosidade. 

Será que tinha haver com o que ele falou do amigo? Será que falei algo que não deveria? Meu Deus! Calma, eu não posso tomar conta de problemas que não são meus, mal sei cuidar ou resolver dos meus. 

Porém, vamos voltar a concentrar na dança.  Vale nota e um reconhecimento nesta escola, uma lembrança e um esfregão na cara da Sara. Desculpe, mas eu já prevejo a vara fazendo work lá na frente, mostrando tudo e inclusive transformando toda música em algo pornográfico. Ai, como pode ter uma imagem tão previsível  de alguém? 

- Ai, se não sabe dançar, não se junta á nós garota irritante! -Sara gritou com uma das mãos no pé, escandalizando novamente- Vamos começar de novo, dessa vez não pisa no meu pé! 
- Tá -a garota disse em um tédio mas com um ódio, como se quisesse pisar novamente- 
- Eu vou ensaiar na sua casa, ok? -Elisa disse assim que ouvimos o sinal tocar-
- Tudo ótimo, precisamos colocar em prática antes de apresentar né! 
- Eu vou ter que sair mais cedo agora, minha mãe deu uma de mãe, vamos ao médico! -Elisa revirou os olhos guardando seu material na mochila- depois do colégio eu passo na sua casa! Tchau amiga -Elisa me deu um abraço e saiu da sala-

Eu estava sozinha por mais um intervalo e três aulas. Não que eu não tenha amigos mas eu não conversava frequentemente com o pessoal da sala. Sem reclamações, posso pensar mais na coreografia. 

Peguei meu celular e por uma vez na vida iria sair com ele mexendo. Eu tinha que dá uma mudada nisso. Sai da sala e fui para o refeitório, como sempre, cheio. Passei pelo meio e cheguei até o pátio, onde o fluxo era um pouco menor mas dava pra passar despercebida por lá.

Peguei meus fones, coloquei e procurei a música da professora. Baixei em alguns minutos, podendo escutar. Fui até o canto e olhei ao redor, para conferir que não tinha ninguém. 
Comecei fazendo alguns alongamentos para não perder este costume. Comecei fazendo os passos que falei para Elisa, dando movimentos aos quadris e levando minha mão para cima. Era um passo como se tivesse jogando dinheiro de cima com uma perna levantada pulando, desafiando quem fosse. Assim que chegou no refrão pensei em alguma música que desse para fazer um passo mais sensual, onde pudesse encaixar minha bunda e da Elisa, como diz a música. segunda parte do refrão:

I want it up, down, round and round
(eu quero cima, para baixo, girando e girando)
Put it down on me now
(Colocá-lo em cima de mim agora)
Up, down, round and round
(para cima, para baixo, girando e girando)
Put it down on me now
(Colocá-lo em cima de mim agora)
Boy, don't tease me
(Rapaz, não me provocar)
Gi-gimme what I want
("Dê-me o que quero")
Gimme-gimme what I want
(Me dê-me dê o que eu quero)
Gimme-gimme what I want
(Me dê-me dê o que eu quero)


Ela parecia mais uma música de funk, cá convenhamos que não é o melhor som do mundo pelos absurdos mas o ritmo e batida dava mais criatividade para se soltar, no funk. Para quem não mora a muito tempo no Brasil, estava bem informada com a evolução, mudança de músicas por lá. 

Fiz os passos que pensei no refrão terminei os passo até ai. Coloquei as mãos no meu joelho e fiz com que minha respiração voltasse ao normal, estava sentindo meu coração na boca. 

O bom é que os ensaios eram ás Segundas, poderíamos ensaiar normalmente hoje. Ainda com o fone coloquei uma das músicas aleatórias para tocar. Fui escutando, atravessei o refeitório e fui para sala. Peguei minha mochila, peguei meu desodorante e passei, ninguém merece ficar assim né? Se pudesse tomar um banho, eu tomava. Eu ainda estava com os passos na cabeça e então, como não tinha ninguém na sala, decidi faze-los para me certificar que estava lembrando, foi o tempo de colocar a música e o sinal tocou. 
Todos já entraram na sala e inclusive o professor surpreendeu, entrando mais cedo que o normal. 

[...]

O sinal tocou, minhas coisas estavam já na mochila e então somente levantei saindo da sala. Assim que senti um vento fresco bater em meus cabelos, eu respirei aliviada. Andei até a escada, descendo e preparando o celular, fone colocando a música. Eu estava animada por um lado, eu amava dançar e eu sou dedicada á isso. Por outro lado... é, eu ainda não tenho argumentos para outro lado. 

- Gi-gimme what I want, gimme-gimme what I want, gimme-gimme what I want -cantei baixo enquanto andava em direção a minha casa-

Dia seguinte...

Estávamos bem ansiosas para as apresentações, eu tinha superado o fato delas serem somente para minha classe e então quis fazer movimentos mais elaborados, e claro, o rebolado que essa música pede.

Elisa dormiu em casa para que nosso ensaio estivesse mais completo, tivemos a melhor sequencia e nosso ritmo foi perfeito. Ela conversou comigo e disse para não termos medo de ousarmos, eu concordei com ela e muito. Estávamos entrando na escola, seguindo até a sala naquele corredor imenso... sem ninguém.

- O que aconteceu? Estamos atrasadas? -peguei meu celular desesperada, eram apenas 6h50-

Aceleramos nosso passo e chegamos até a sala, todos estavam ali, menos Justin e... Sara.

- Não esquenta com eles Lissa! -Elisa me cutucou dizendo, tentando amenizar meu olhar arregalado pela sala-
- Que bom que chegaram, a apresentação foi modificada, a diretora quis trazer isso para a escola inteira. Será como uma feira, porém a mais rápida da historia com vocês. -ela disse isso e abri a boca, sentindo meu coração passar pela minha garganta-
- O-o-que? -minha voz saiu fanha-

Eu tinha superado a sala e agora vem uma dessa de, a escola inteira? PUTA QUE PARIU!

- Calma Lissa, vai dar tudo certo! Caralho, eu to passando mal e tenho que te fazer não passar. Socorro! -Elisa disse tentando respirar-
- Elisa, eu não vou conseguir! -eu disse puxando ela para o fundo da sala- essa escola é gigante, deve ter gente até sentado no chão
- Calma, vamos respirar okay? Olha pra mim, eu to tendo ataques também mas nós duas vamos nos ajudar!
- Vou falar a sequencia das apresentações... silêncio por favor!

Nós calamos na hora e já podia sentir a tremedeira subir em mim.

- Meninos, podem indo para a quadra! -eles saíram sem se manifestar- Primeiras, Morgan e Olivia, Savannah, Amy e Katie, Ramona e Emily, Grace, Kirsty e Sara, Hannah e Lucy, por ultimo, Lissa e Elisa. Boa Sorte para vocês!
- Obrigada -todas disseram-
- Vamos começar a apresentar agora, então todas para o vestuário. -andamos conversando uma com a outra enquanto a professora fazia a contagem- Sara... onde está Sara?
- Nós não sabemos professora! -Kirsty disse olhando para Grace, rindo-
- Se ela não aparecer no vestuário antes da apresentação, ela ficará sem nota!
- Nós vamos procurar ela... ela estará lá!

Eu queria ganhar as 100 pratas mas eu estava tão sentida, como se soubesse que neste momento eles estavam se pegando em algum canto da escola, ou até longe daqui, por ontem a noite. Eu estava com raiva, tristeza e me mantia quieta pensativa somente com isso, durante o caminho até o vestuário e encontrarmos Sara vestindo sua blusa. Epa...

- Sara! -suas amigas correram e começaram a cochichar entre elas-
- Vamos lá meninas, Morgan e Olivia, já para quadra. Fiquem de olho na sequencia.

Eu olhava Sara por completo, que idiotisse a minha fazer isso. Mas eu precisava explorar e saber se tinha marcas, algo que pudesse ter meus 100 pratas e começar a superar que Justin era como os outros. Ela arrumava o cabeço deixando seu pescoço poucos segundos á mostra, porém não vi nenhum chupão. Observei em suas pernas, por um acaso dele ter pegado na cocha dela com força, seria outro sinal. Mas não, não tinha nada disso. Mas que diabos eu estou fazendo? Que porcaria! Que droga, Justin! Eu levei minha mão até meus cabelos, eu estava preocupada com isso e a minha tenção de apresentar? O que estava fazendo pra amenizar? Nada.

- Sim, foi muito bom! Ele deixou a marca aqui

Assim que ouvi, olhei de canto, Sara estava mostrando sua barriga para as meninas do lado dos armários.

Senti um imenso calor de raiva, minhas pernas ficaram rígidas assim como minha mão que se fechou. Neste momento eu iria apresentar, nem que tivesse o final arrancando os cabelos dessa vagabunda, mas eu iria.

- Mudança de coreografia no ultimo refrão Elisa -eu virei para ela e puxei para fora do vestuário-
- Ta certo! O que vamos fazer?
- Lembra daquela parte que eu passo a perna por cima de você? vamos colocar ela em vez da outra!
- Você quem manda Lissa!

Algumas horas depois...

- Se preparem! Vocês vão entrar agora!

Estávamos de mãos dadas, não era lá uma apresentação mundial mas para nós, uma apresentação dessas, era muita coisa.

- Lissa e Elisa, quando olhar para mim lá em cima, eu solto a música! Agora vão!

Entramos separadas, Elisa me empurrou fazendo ir na frente. Meu estomago virou de cabeça pra baixo, minhas pernas estavam quase bambas. Eu olhava para todos que tediosos, mal prestavam atenção em nós paradas ali no meio. Menos mal...

- Pensa que são seu publico Lissa, você consegue! Nós conseguiremos!

Então dito e feito, o publico estava em minha frente com cara de desdém... Era a hora de fazer o publico se tornar nossa nota.


Opa, este capítulo é mais escolar e para não deixar a historia sem eventos escolares e superar os medos de fundamental que por destino, pagamos no médio.
As coisas não podem ocorrer de uma hora pra outra, né?! Justin... Lissa... eles tem que sentir para assumir e então, preparem!

Beijos!

EL 9 - Você insinuou á mim, não é hoje que ganha!



(nesta parte da música, tenta ler a fic e não as frases das músicas que coloquei junto, se der certo vai sair conforme o ritmo da música, o intuito foi esse!)
Lissa P.O.V
Olhei para cima e então a música já começou. 

"Okay, boys
Class is now in session
Lessons one through forever"

Nós nos entreolhamos sorrindo e virando uma pra outra, e apontando para alguém na plateia, minha chance de procurar Justin que foi falha, ah. Que se dane. 

"Always give us what we want"

Começamos com uma mão lá em cima, era um passo como se tivesse jogando dinheiro de cima com uma perna levantada pulando, desafiando quem fosse*. Logo com as duas mãos lá em cima fazendo um estralo, olhamos para o lado contrario rebolando e revezando quatro vezes. Indo de um lado para outro, até pararmos e descemos nossa coluna jogando o cabelo para trás e rebolando fazendo o gesto com a mão, como se tivesse pegando algo no ar. 

"Where my sexy, sexy fellas wit' that money in they pocket"

Nós duas descemos rebolando devagar até o chão, dando duas quicadas e com uma perna jogamos para o lado olhando para o chão, voltando a perna e dando um chute no ar. Colocamos a mão na perna e levantamos mexendo o corpo todo até levar uma mão para nosso quadril, outra acima dos olhos e descer ela colocando na boca gesticulando que falei algo, com as pernas cruzadas fomos neste movimento para o lado.

"So boy, don't hesitate, 
Gi-gi-gi-gimme what I want, 
I'm hollerin' boy, don't tease me, 
Gimme-gimme what I want"

Apontamos para frente, indo para trás dois passos e seis passos com um gesto de "banana" gesticulado um foda-se para os demais. Descemos até o chão colocando o braço para trás e rebolamos, duas vezes e viramos de costas, fazendo um movimento com os quadris com o chão, causando gritos e assobios dos alunos. 

"I want it up, down, round and round"

Levantamos um braço de cada e rebolamos devagar olhando para um ponto fixo.

"Put it down on me now"

Estufamos nosso peito para frente e depois para trás.

"Up, down, round and round"

Levantamos novamente o braço de cada e descemos rebolando até o chão e subimos até a metade, estufando novamente o peito para frente e para trás.

"Put it down on me now, boy, don't tease me"

Levamos nossas mãos ao chão e rodamos nossos cabelos até virar uma de costas para a outra, levantando  e rebolando, fazendo com que nosso corpo todo se mexesse, levantamos uma de nossas pernas dando impulso para virarmos e descendo até o chão com as mãos entrelaçadas e rebolando ali mesmo devagar. Viramos ficando com o joelho no chão e engatinhamos empinando a bunda e rodando.

Sentamos de joelhos com as mãos a trás de nós e levantamos com um impulso, fazendo o gesto de que uma corda tivesse nós puxado. Andamos no ritmo da música até o centro da quadra, paramos de lado, colocando uma mão no quadril e a outra entrava por trás, logo a da frente (quadril) levantava encaixando certinho minha cabeça na mão, puxando meus pés reto. Enquanto a batida, 4 vezes, desci minha mão até a parte intima, subindo a mesma até minha cabeça e virando como se alguém tivesse me puxado. Assim que me virei, me dei de cara com Justin que com a boca entre abertas olhava nos meus olhos, e logo molhou os lábios e sorriu. Filho da Puta.

Nesta hora eu estava com muita raiva, e então virei de lado, levando meu braço para moldar meu corpo e assim fazendo os gestos que a música citava. 

Colamos nossas mãos no joelho, rebolamos ali e descemos rebolando, giramos nossas cabeças para o lado e fizemos o mesmo, rebolamos e descemos, giramos nossas bundas, jogamos nossos cabelos para frente e levantamos estufando o peito para frente e para trás, três vezes indo para trás. Levamos nossa mão moldando o nosso rosto, olhei para justin a todo momento o encarando, virei meu corpo, jogamos novamente nosso cabelo para frente e caímos no chão, engatinhamos rebolando com a batida música e com uma das pernas demos impulso para o lado e paramos de joelhos, com uma mão pra cima e outra atrás, nos apoiando com os olhares na cobertura do centro da quadra encerrando assim, a música e começando um grande som de aplausos, gritos e assobios. 

Elisa e eu sentamos na quadra e nos entreolhamos, seguramos nossas mãos e nós levantamos parando ali, vendo que o publico que estava entediado, estava com total atenção para nós duas sem restar um só, com cara de bunda. Nós abraçamos forte nesta hora.

- Você foi demais! -Elisa disse no meu ouvido-
- Obrigada amiga, nós arrasamos! -eu disse me afastando dela e sorrindo- 

Justin P.O.V

Eu havia acordado mais cedo mas foi em vão, voltei a dormi acordando atrasado. Era 7h15 e provavelmente a professora estaria descontando pontos idiotas da minha média. Eu sempre mantive minhas notas altas, para não perceberem que estava sendo influenciado a outras coisas fora da escola, causando um chamado para minha mãe. Escola chamar pais dos alunos do médio, era piada né. Então, entrei no banheiro tomando a ducha mais rápida, escovando os dentes ali mesmo. Depois procurei a camisa enquanto vestia a calça, peguei a toalha em seguida secando meu cabelo. Peguei minha mochila e o celular, desci correndo para porta, abrindo e saindo correndo para a escola. 

Eram 7h40 e as apresentações já estavam ocorrendo, eu não posso perder Lissa dançar. Não admito isso. Acelerei meus passos, cortando caminho pela esquina. 

Enquanto corria, meu pensamento foi longe. Longe demais para lembrar que tinha que me resolver com Ryan, sobre Eddie. Respirei fundo e parei no meio do caminho, peguei meu celular procurando o numero dele. Olhei para cima e fechei os olhos.

- Eu vou fazer isso por ele, por ele! -olhei para o celular e disquei o numero-
- Alô! 
- Eu topo, eu topo tirar Eddie detrás das grades! -eu disse com segurança, caminhando-
- Oh, demorou! Já tem um plano? -inacreditável, além de aceitar eu tenho que ter plano nessa bagaça?-
- Você me fala pra tirar ele de lá, achei que tivesse algo a dias!
- Tô zuando Bieber, calma ae! -Ryan deu uma pausa- vamos ter que arrumar o dinheiro até terça, ou seja, roubar é a nossa solução.

Eu poderia desligar e desisti, entrar novamente nisso tudo seria um caminho sem volta. Mas eu havia me feito está promessa, seria por Eddie.

- Quando e que horas? 
- Na loja do posto! As 22h e prepara pois não será só está parada!
- Mas lá não vai ter a quantia, ali podemos conseguir 100 dólares e olhe lá!
- É o que eu preciso irmão, você achou que o pai aqui não cuidou dos 10 mil ? Essa demora, não era moleza pra cá! Além do mais, os postos não ligam para policia, pelo menos os 4 desta cidade!
- Fechado então! Falou! 

Desliguei o celular olhando o horário, 08h30. Acelerei mais meus passos e faltava apenas um quarteirão para chegar. Foi coisa rápida, então fui até os fundos da escola, pulando  o muro e chegando até o refeitório, podia ouvir o som ecoar nos corredores e aumentando cada vez mais com o barulho dos alunos, que gritavam, assobiavam. Cheguei pela porta principal e parando ali mesmo, quando vi Lissa virar-se me olhando fixo, molhei meus lábios a vendo com aquela legging colada, seu cropped e sorri. Ela estava usando seu corpo de forma tão sensual, nada exagerado. Eu observava com a boca entre aberta e me imaginava com ela ali, fazendo os movimentos com ela. Só que com uma diferença, não usava legging, nem cropped, muito menos eu permanecia com minha roupa. Era algo muito além de um sexo, eu queria dançar fazendo amor com ela. 

Lissa rebolava e seus cabelos o acompanhava os movimentos, fazendo ter desejos maiores por ela. Olhando a leveza dos seus movimentos, ela me olhava quando fazia tais movimentos, fui andando com os olhos fixo até sua frente onde encarava um ponto fixo, ficando na mesma reta que ela. Fazendo ela ser mais violenta nos passos executados, engatinhando para frente com a cara mais maliciosa possível. Terminando ali, olhando para a cobertura da quadra deixando seu corpo esfriar por ele, me fazendo ficar inquieto e começar a aplaudir e gritar, onde minha voz era pequena ao de todos os garotos e garotas da escola, que levantaram para aplaudir e gritar ainda mais forte.

- Parabéns meninas! Venham todas para o centro da quadra por favor! 

Meus olhos eram somente para uma garota, Lissa. Que não parava de sorrir e olhar para todos que ali estavam ainda, gritando. Seu olhar foi para cada canto da quadra até chegar a mim, que se desfez aos poucos, desviando o olhar para Elisa ela voltou a sorrir. 

- Essa foi a apresentação em tempo recorde das meninas do terceiro ensino médio. Todas arrasaram, Obrigada á todos! 

A multidão saiu da arquibancada indo para o centro da quadra, me atropelando aumentando o fluxo ali com as garotas e principalmente com a Lissa. 

Parado ainda, eu a olhava. Sorrindo muito e dando abraços a quem ela nunca havia falado naquela escola, aposto. Seu olhar era outro quando passavam em sua frente, era diretamente para mim que sorria para ela e ela me desviava o olhar. Mordi meus lábios e sai da quadra, passando pelo corretor e indo para o banheiro. 

- O que eu fiz? -joguei a mochila em cima da pia me olhando no espelho- Ela desviou o olhar, será que foi pelo atraso?! 

Me encarei por alguns minutos. Peguei meu celular, vendo algumas mensagens de pessoas desconhecidas e então abri uma delas. Era uma foto de Sara com algum garoto beijando sua barriga, que parec...

- AI DROGA! -guardei meu celular no bolso e peguei a mochila saindo do banheiro, ouvindo o sinal tocar e a multidão toda aparecer lotando o corredor- 

Fui andando e procurando por Lissa, caminhando cheguei até a sala. Entrei e não havia ninguém, joguei minha mochila em uma das carteiras. Sai da sala e parei ali, olhando Sara vir com as amigas delas. Assim que ela chegou perto a puxei para dentro da Sala, encostando na parede.

- Você está forjando as coisas por qual motivo? -perguntei segurando seu braço forte-
- Agora quer ficar comigo, Justin ? -ela disse bem perto de meus lábios-
- Não ouse pensar que te puxei por isso, chegou mensagens e fotos de um garoto parecido comigo fazendo coisas que eu nunca faria contigo! -eu peguei o celular a mostrando- me explique isso!?
- Você não me da o que eu quero, eu dou o que você não quer! -ela disse me olhando fixo para meus olhos- 
- Pois então, eu não te quero! Então eu posso não ter isso? 
- Infelizmente, eu sei o contrário e então terá que aceitar tudo isso.
- Você tem qualquer garoto dessa escola, o mais popular, os figurinha repetida então porque não me tem longe de você? longe de seus problemas com rejeição -disse e a soltei- 
- Acontece que... -ela chegou perto, se aproximando com sua mão em meu tórax, porém dei dois passos para trás- eu tenho tudo o que eu quero, e eu quero você! -ela molhou os lábios e parou com os olhos fixos aos meus- pense que, quando estamos determinados á algo, conseguimos, não é? Agora pensa, você me dar o que eu quero e você não precisa aguentar essas coisas que aconteceram com você. 
- Nem fodendo! 
- Pois bem, então aguente se for homem! -ela deu alguns passos para trás e se virou saindo da sala- 

Ela quer jogar? Me fazer aguentar como homem? Pois então, ela vai ter isso. 

Sai da sala caminhando pelo corredor e indo até o refeitório, Lissa estaria ali com certeza. 

Por olhar a procurei, avistei Elisa e já caminhei até lá na esperança de encontrar Lissa por lá. Elisa estava comendo sua maça conversando e rindo com alguns garotos e garotas, do seu jeito bem humorado, de longe já me olhou.

- Oi Justin! -Elisa me cumprimentou- está procurando pela Lissa?
- Sim, sabe onde ela está? -todos na mesa me olharam, assim que os encarei, começaram a conversar entre eles-
- Ela ficou na quadra, no vestuário. 
- Obrigada!

Acelerei meus passos até de volta ao corredor, indo para a quadra. Cheguei lá e estava completamente vazio, corri até os vestuários entrando no feminino. Parei em frente a primeira fileira dos armários, assim andando e procurando por ela entre as colunas. Chegando na ultima e tendo uma visão perfeita de sua costa pelada, ela estava colocando seu sutiã. Sem fazer nenhum barulho me aproximei esperando ela colocar sua blusa. Logo depois que arrumou seu cabelo, foi o tempo dela se virar e eu a pressionar sobre o armário, fazendo ela tomar um susto. 

- Você foi ótima hoje! -eu disse baixo e olhando para seus olhos, ela me encarou de forma terrível-
- Me solta Justin! -ela me empurrou, dei passagem para ela se agachar pegando sua mochila e ficou parada em minha frente- Você perdeu sua aposta, eu ganhei. Meus 100 pratas!
- Oh, você viu aquela foto não s...
- Eu não precisei de foto quando a Propriá Sara mostrou neste local as marcas Justin. Era somente um jantar, não para transar com ela! -Lissa disse alto e com os olhos presos nos meus- 
- Você viu como dançou hoje ? -ela continuou parada me olhando- Você sentiu o que quando me olhou lá na quadra? -me aproximei dela devagar- Eu fui até seu olhar para ter certeza que não era miragem minha! -seu olhar desviou para meus lábios e então segurei em sua cintura nessa hora- Você insinuou á mim, não é hoje que ganha! 

Entre lábios e mais lábios, o dela era o que eu mais queria sentir. Me aproximei de seu rosto, segurando o mesmo a acariciando. Fechei meus  olhos inclinando somente sentindo sua respiração, porém ela se desviou me fazendo arrepiar do pé a cabeça de tanto desejo que eu senti naquele momento.

- Você ainda tem até o final da aula, depois disso você pode dizer que eu não perco! -ela piscou e se virou, saindo dali me deixando parado-



Como quase todos os capítulos, algo que acontece que vocês desconfiam de outro personagem, quase sempre estará no outro capítulo para descobrir e então, saber a outra versão... 
Uou, será que irá rolar o jantar mesmo?

Beijos!

6 de fev. de 2016

EL 4 - Ela parada na janela, de longe á avistei








Justin P.O.V

Meus pés nunca doíam tanto, eu corria no ritmo da música que tocava em aleatório no meu fone. A água já não me satisfazia tanto quanto parar e respirar normalmente. Eram apenas 5 minutos correndo pelo parque porém só tinha começado a 1 minuto.

Depois de 1 ano parado em academia decidi voltar, de forma diferente. Gostava de fazer exercícios em ar livre, provavelmente estaria tentando imaginar está cena como de filme. Faltou o cachorro.

Minha testa já com vestígios de suor e meu corpo aquecido, me sentia num forno com algumas frestas de vento. A música estava no final e os cinco minutos estavam se aproximando, parecia horas. Nunca reclamei de fazer exercícios, começar leve já me matava. Só faltava isso e poderia voltar para casa.


- ufa -abaixei a cabeça com as mãos no meu joelho tentando controlar a minha respiração-

Voltar pra casa correndo seria outra luta, o parque não ficava tão longe mas não era perto. Comecei a dar trotadas e aumentei ao sair do parque atravessando o farol dali.

Mais 5 minutos e cheguei em casa, fui até meu quarto pegando minha toalha e entrando no box liguei o chuveiro deixando no morno. Meus músculos gritavam e eu só sorria por saber que tudo estava voltando ao seu devido lugar.

Enrolei a toalha em minha cintura e peguei outra para secar meu cabelo. Fui até minha cabeceira pegando o celular ligado ao carregador, eram 10h da manhã de um domingo e minha rotina começava ali. Tinha mensagens e mais mensagens...

- Caralho! -levei minha outra não mão celular por digitação mais rápida- Perdinelli ! Que droga.

Perdinelli era meu professor de lutas. Desde os meus 13 anos eu luto na academia dele, ele conheceu meu pai na infância e por tudo que ocorreu eles entraram no que hoje eu estou livre. Espero que por um bom tempo. Hoje eu iria começar o mma, aquilo era o que mais me fissurava no ring. Perdinelli nunca acreditou no meu potencial, sempre me enfrentava para fazer melhor, a jogada dele dava certo pelo meu gene ser forte e gostar de desafios.

Fui até meu guarda-roupa e peguei uma roupa e coloquei outras na mochila. Em questão de alguns minutos já estava no caminho da academia.

A academia não só era de Perdinelli mas era de sua mulher, Sra. Perdinelli. Ela dava ali aulas de danças, não só as de saltos como o break e tudo mais. Ela iria começar hoje com as aulas junto ao marido, em alas diferentes. Claro.

A academia ficava em um prédio, ao entrar subi o lance de escadas rápido e procurando Perdinelli. A academia estava cheia e sua sala estava aberta, só se via a tv. Fui até lá com passos lentos e batendo na porta avistei ele sentado.

Perdinelli estava sentado no sofá assistindo aí jogo de basquete passando na tv.

- Você esse esqueceu novamente ? -ele me questionou olhando fixamente para a tela- e no primeiro dia ? -seus olhos frios me encararam-
- Estava fazendo exercícios matinais, de costume -o respondi em seguida o fazendo arquivar a sobrancelha-
- Bom ter você de volta -levantou me dando um abraço e dando tapas em minhas costas- Vamos começar logo.

Perdinelli já começou fazendo sua cara fria, até parece que não o conheço a 12 anos. E 4 anos de treinamento com este cara não faz para conhecer seus defeitos e qualidades.

- Você vai começar pulando corda em 30 vezes de 15. Depois vá até o saco e faça o mesmo. -Ele piscou e me deu luvas- Essa eu fiz especialmente pra você.

Quieto apenas acendi e fui até a parede de cordas. Peguei uma e fui para o lado onde tinha visão do espelho e de mim. Comecei a pular contando. Era bem rápido e então perdi completamente na segunda contagem, mas segui. O mais não me faria mal.

Meu fone era meu companheiro de tudo, nessa hora eu não o tinha. O som da academia era mais alto e então não me fazia tanta falta. Fui fazendo algumas manobras e Perdinelli me observava de longe ajudando outros na academia.

A academia não tinha uma mulher, porem está regra foi quebrada com a entrada de três e a mulher dele. Elas estrearam na sala onde apenas o vídeo separava da nossa ala, voltei meu olhar ao meu pular de corda e já sentia meu cansaço novamente bater mais forte. Fui parando aos poucos até de vez, fui guardar a corda e me direcionei ao saco.

Ele ficava distante da ala da academia e então era mais intenso ficar ali. Só havia eu. Peguei a luva e tomei um pouco d'água. Me preparei e comecei a dar vários socos seguidos no saco.

Minha mão se fechava automaticamente fortalecendo e deixando que meus ossos fizessem o trabalho de bater ali. Perdinelli atencioso em mim seguiu o olhar a minha postura e veio corrigir.

- Desde pequeno tenho que te ajudar com isto -sua mão foi até minha cintura e logo após em minha perna- Quando bater faça somente dois movimentos sempre em repetição, você vai ter mais controle.

Acendi batendo uma luva na outra e comecei a fazer o que ele falou. Minha testa deu vestígios de pingo de suor. Estava fraco.

- Você ta brincando comigo? Já está soando ? -sua voz se alterou- Vai logo seu mariquinha, mostra pra mim que você tem algo macho em você

Aquilo não me abalava, não me fazia ter raiva, pelo contrário. Eu tinha a consciência que não tinha que provar nada a ele.

- Você é igual seu pai, por este motivo hoje ele está longe! Você é um fracote -meu sangue mostrou como estava percorrendo em minha veia- Você tem que parar de ser um fracassado, saber bater e voltar a ser o que foi.

Ainda quieto fui socando o saco, por um momento eu já pensei em socar sua cara por tais palavras, era bem explícito em meu rosto que tocar em minha família, em meu pai estaria tocando no meu eu. A dois meses eu fazia tudo que eles me mandavam, era um completo covarde e por hoje me tomar alguém que sabe o que quer, ele faz tais comentários desnecessários.

- Seu pai me disse uma vez: "uma vez fraco, mesmo se tornando forte, sempre será fraco" era bem evidente que este fraco é você! -ele ria ironicamente, mas não era como antes, suava mais verdadeiro- Então bate nesta porra! -Ele deu uma empurrada no saco fazendo ele vir em mim e com um soco voltar até ele-  Muito bom!

Minha respiração estava descontrolada, meu coração batia muito forte. Seu olhar era de desfeita a mim, Perdinelli estava estranho e eu não o entendia.

- Você ta precisando ter uma raiva pra poder socar aqui!
- Não é com raiva que eu quero lutar! - o respondi parando de socar-
- Mas aqui, você não vai usar isso como terapia -ele deu meia volta e saiu- Mais 3 minutos e depois quero fazendo o 5 item da lista de treinamento. Ta colado na parede do lado da minha sala.

Olhei para cima e fechei os olhos. Minha cabeça pedia descanso, meu corpo pedia mais. Então continuei da forma que tinha que ser.

Os 3 minutos passaram e então eu sai indo até o bebedouro ficando ali até hidratar boa parte de minha boca com a água.
Assim que levantei meu olhar avistei uma bela garota, ela dançava concentrada para seus movimentos no espelho. Seus cabelos estavam amarrados e dava pra ver cada músculo que mexia. Meus olhos pararam por malícia em sua bunda, apesar de sua magreza era a mais linda que vi.

Fui até o lado da sala de Perdinelli seguindo sua dança, meus olhos desviaram por poucos segundos a lista vendido relance o treinamento. Era fazer abdominal e flexão.

Assim que voltei meu olhar a ela, não a encontrei. Tinha dado lugar a outras garotas e a mulher de Perdinelli. Não eram lá tão gostosas mas eu estava fissurado em outra.

Fui até o tatame que tinha visão a sala e fiquei de frente ao espelho para olhar contra. Comecei a fazer as séries esperançoso em vê-la dançar.

Mas ela não aparecia e só a mulher de Perdinelli estava ali explicando tais movimentos. Droga. Ela só falava e falava, explicava e fazia graça, foram minutos. Desisti por isso, fui me concentrar nas minhas séries e acabei desviando meu pensamento.

Eu já sentia mais sede que meu corpo gritava a vontade de água, fui até o bebedouro e fiquei ali parado bebendo até meu corpo se sentir aliviado pelo líquido.
Senti um fervor muito forte em minha barriga enquanto pegava minha mochila, fui vê o horário no relógio e era 13h, não tinha tomado café da manhã e então estava desmaiado de fome.

Peguei meu fone conectando no celular e colocando na playlist em aleatório. Enquanto guardava meu celular desci as escadas e deu de cara com a tal garota. No ponto, se despedindo das amigas e logo em seguida um carro parar e ela entrar.

Você acreditaria que ela entrou no carro sem que visse teu rosto? eu estava lerdo e minha cabeça começou a latejar, para tentar vê-la melhor. Fiz meu caminho voltando para casa.